quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Os meus 20 e poucos anos

Sentei pra escrever e desatei a falar da continuidade das coisas, da vida. Comecei a explicar primeiro por quê eu achava que nos tornávamos melhor ao longo dos anos. Por quê meu namorado deveria se sentir melhor de ser meu namorado agora do que há dois anos atrás, por exemplo. Por quê eu devo me sentir muito melhor de ter conhecido meu namorado esse ano do que há dois anos atrás, por exemplo. Por quê situações acontecem pra que aprendamos, pra que nos tornemos pessoas melhores. Algumas claro, vêm pra dar uma traumatizada. Vou ser sincera que alguns imbecis que passaram pela minha vida me deixaram alguns traumas ruins. Mas ao mesmo tempo me deixaram mais realista, mais esperta, mais seletiva. A cada ano que passa nos tornamos uma pessoa melhor porque ganhamos aprendizados com os problemas que nos vão surgindo. E com isso ganhamos mais experiência pra seguir em frente. Aprendemos a famosa ' continuidade da vida ', encaramos melhor os ' não's ', aceitamos com menos euforia os ' sim's '. Ficamos mais cientes da imprevisibilidade da vida e mais preparados pra caso alguma coisa dê errado. Não que não cometamos mais erros, não que tenhamos descoberto a fórmula mágica (até porque não existe uma), mas com certeza temos muito mais experiência de vida pra fazer as coisas darem certo, e essas chances aumentam bastante.
Não ficamos mais muito tempo parados no mesmo lugar lamentando alguma perda, sabemos discernir melhor os sentimentos, conseguimos traçar planos mais claros pro futuro (mesmo que seja alguém como eu, que nunca fez planos), conseguimos fazer realmente do amor algo que seja saudável na nossa vida, algo que acrescente, algo sério (e que seja levado realmente a sério).
Eu nunca tinha parado pra pensar verdadeiramente em uma vida com alguém. Quando eu tinha 17 anos e coloquei uma aliança de ouro no dedo, queria mais mostrar pra mim mesma que o relacionamento tinha subido de patamar do que realmente assumir um passo pra algo altamente significativo na minha vida. Não sabia de fato se queria estar com aquela pessoa pra sempre. Na verdade mal conseguia pensar nesse ' pra sempre. '.
Quando a gente faz 22 anos começa a pensar em algumas coisas. Começa a fazer as contas de quantos anos faltam pra chegar nos 30 e com isso naturalmente chegam alguns pensamentos inevitáveis. Meu apartamento, meu carro, minhas coisas, casamento e filhos. FILHOS? Pois é, eu também antes nunca havia pensado no assunto. Foi quando certa vez, no aniversário de 1 ano do meu priminho me invadiu um sentimento que nunca havia me invadido antes. Aconteceu quando o peguei no colo. Inexplicável, encantador, único. É o que chamam ' instinto materno '. Difícil explicar, uma vontade de pegar, cuidar, mas muito mais que isso, a vontade de ter o MEU filho. Eu que sempre abominei a ideia de ter um filho, de ver minha barriga crescer, eu que sempre tive medo de ter estrias. De repente não pensei mais nisso. De repente pensei em como seria bom ter um bebê meu e do Pedro crescendo dentro de mim. De repente comecei a pensar em coisas bobas e pequenas como em qual seria o cheirinho dele, se seria loirinho como o pai, se teria cabelo liso como a mãe. De repente pensei como seria poder criar um, em como isso me faria amadurecer como pessoa, em como um ser conseguiria ser capaz de mudar meu conceito sobre tantas coisas. De repente tive vontade de ter um filho, de casar, de ter a minha família. De ver meu marido chegando em casa, de poder dormir todos os dias ao lado do homem que eu amo, de ver nossos futuros traçados. De repente eu quis demais tudo isso, vi que quero demais tudo isso. E essa foi apenas uma das coisas que me mostraram que o tempo agia implacavelmente na mente e no corpo das pessoas, às vezes no coração, e estava agindo no meu.
E não pára por aí. É quando você começa a fazer realmente o balanceamento do que você já tem. E muitas vezes se desespera ao ver que não tem muita coisa. É quando você olha pra trás e vê que muita coisa vai estacionando no meio do caminho, e que aquilo que não acompanhou o seu ritmo inevitavelmente vai ficar pra trás. É quando você olha pro seu namorado de outro jeito. Não menos encantado, não menos apaixonado. Muito pelo contrário. Tudo é imensamente mais bonito, imensamente mais intenso. Mas ao mesmo tempo ameno, amor, cheio de paz. Sua preocupação passa a ser um pouco maior do que qual será o programa do seu próximo final de semana. Você pára e pensa nos seus gostos, nos seus jeitos, princípios, conceitos, metas. E pára de fato pra pensar se aqueles dois mundos podem dar certo pra sempre, podem se fundir, podem se tornar um só de forma duradoura. Porque tá cansado de decepção. Porque não tá mais a fim de perder tempo. Porque não vê graça nenhuma mais em namorar meses e terminar, namorar anos e terminar. Porque não tem razão, não tem porquê, não tem sentido. Porque agora você pensa em futuro, não tem mais 14 anos, ou 18, ou 20. Agora você tem 22 e os 30 não estão tão distantes. Agora você quer tudo de verdade.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Papai Noel, filho da puta (aquele velho porco capitalista)

Meu relacionamento com Deus é exercitado todos os dias, nas minhas orações, no meu coração. O que o meu relacionamento com Deus, com Jesus tem a ver com uma hora, com uma data? Me diz? Resumir minha bondade, sentimentalismo, compaixão, caridade à uma data é muito mais do que ignorante pra mim, é patético.
Vocês que comemoram o Natal me desculpem...mas é preciso muita frieza pra manter o espírito natalino com um peru na boca enquanto milhares de crianças não tem um pão pra comer. É muita frieza comprar presente pra família inteira, estourar o limite do cartão de crédito enquanto crianças rabiscam com um graveto no asfalto porque não têm sequer um brinquedo pra brincar. Vocês desejam " Feliz Natal ". Agora eu lhes pergunto: feliz pra quem? Pra nós, que temos uma família? Pra nós que temos uma mesa farta, altamente calórica, que vamos comer até não conseguir andar e depois nos arrepender falando " ai, comi demais, vou precisar queimar tudo isso agora ". Pra nós, que temos aquela família, até às vezes meio torta, com aquela tia invejosa, com aquele tio que só paga mico se vestindo de Papai Noel, com aquele bando de pirralhada correndo em volta da mesa, mas temos, de qualquer jeito, nossa família. Me poupem, me poupem todos vocês, mas o Natal é feliz pra vocês!! E acabou. Esse Natal não vai ser nada feliz pro mendigo que vaga as ruas, pro bebê que não consegue nem mamar no peito da mãe porque não come e por isso não tem leite para amamenta-lo, pra criança de rua que não sabe e talvez nunca chegue a saber o significado da palavra prosperidade. Prosperidade no quê? Que perspectiva de vida essa criança tem?
Arrisco a dizer, apostaria sem medo, a maioria dessas pessoas que desejam Feliz Natal com a boca cheia não tomam as mínimas atitudes a favor de um mundo melhor, sequer fecham a torneira pra escovar os dentes, não representam um milésimo do altruísmo que propagam. E não que eu seja um exemplo de altruísmo, porque não, eu não sou! Mas eu não saio propagando ideias que eu não sigo e nem levantando bandeiras sobre as quais eu não movo uma palha pra ajudar.
É muito difícil perceber que o Natal, assim como um milhão de outras datas, foi criado especialmente para que peguemos o dinheirinho que nós não temos e enriqueçamos o comércio? É preciso fazer faculdade de publicidade pra entender isso? Acho que não. Por que eu preciso montar uma árvore na minha casa e encher de luzinhas para que me sinta uma pessoa melhor? Isso me tornará de fato uma pessoa melhor? Por que eu preciso fazer igual a todo mundo pra me sentir melhor? Eu preciso? Costume? Tradição? O que é uma tradição? É aquilo que nós fazemos há anos porque milhares de pessoas fizeram antes e sequer paramos pra questionar na relevância de estarmos fazendo a mesma coisa.
Não é válido como seres pensantes pararmos de seguir o que todo mundo faz e utilizarmos nossa massa cinzenta pra pensar de fato no motivo de estarmos fazendo isso ou aquilo? Se tem cabimento, se tem fundamento, se tem por quê? Não é válido pensar em como uma data que deixa tantas pessoas tristes ao redor do mundo pode ser uma data boa, uma data que teoricamente signifique tudo ao contrário?
Querem celebrar o nascimento de Jesus? Celebrem todos os dias! Presente não é só importante no Natal, precisamos dar presentes diários pras pessoas que amamos pra que elas percebam o quanto são importante pra nós. E não falo de presentes que o dinheiro compra não. Muitas vezes um sorriso pode ser um presente, um abraço no momento certo, uma palavra de compreensão, um olhar iluminado, uma presença confortadora.
Eu sei que eu sou a minoria que pensa isso, ou talvez a minoria que fale o que na verdade muitas pessoas pensam. Mas eu simplesmente não vou concordar com algo que pra mim não faz sentido nenhum. Podem chamar do que quiser, princípios, conceitos, revolta, o que for. Pra mim uma família em volta de uma mesa continua não sendo capaz de mudar a miséria do mundo e o egoísmo das pessoas. Pensar no próximo devia começar principalmente no " Natal " não esbanjando uma felicidade que só é " feliz " pra você. Pra mim o respeito pelos seres humanos ainda continua sendo o maior presente.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Fuçando alguns documentos antigos achei um texto que não teve como deixar de me tocar. Um texto que eu escrevi há seis anos atrás. Um texto doce, ingênuo, que só uma menina de 16 anos conseguiria escrever. Ninguém com muito mais que isso conseguiria escrever com essa ingenuidade, com essa doçura típica de quem ainda não conhece nada da vida, de quem nunca tomou nenhum tapa dela, de quem ainda não conhece a continuidade das coisas. Esse texto mexeu comigo porque consegui enxergar através dele um coração puro que infelizmente não pode manter-se assim com o tempo. E como poderia? Gostei dele porque enxerguei nele coração, doçura, ingenuidade de alma e pureza. E gostaria de compartilhar com vocês.


Eu gostava quando você me olhava fascinado. Eu não entendia,mas eu gostava. E bem dentro de mim eu sentia que nunca podia te perder. Isso era tão incomum,tão irreal. Aquela canção. Quando a ouvíamos sentimentos brotavam de dentro dos nossos olhos. Algumas vezes não podíamos ve-los. Mas brotavam,eu sei. Eu sei que brotavam. E em muitos momentos eu me perguntava o que eu tinha feito de tão bom pra merecer um amor assim. Não saberia dizer também. Pelo menos não agora.
Hoje eu fecho a porta e há somente um silêncio atrás de mim. Escuto vozes,escuto passos. Mas não são mais suas,não mais os seus. Parece que o mundo inteiro silencia às vezes. Velando um amor que já acabou.
Eu gostaria de perguntar se existisse alguém que pudesse me responder,pra onde vão os sentimentos quando saem de nós. Porque não é possível entender. Quando eu olho pra trás é só confusão. Confusão e confusão.
O que eu sentiria se te visse agora? Os mesmos olhos mas com o olhar já diferente. Modificado pelas marcas do tempo,talvez. Eu me perderia nesse olhar? Como se fosse a primeira vez?
Mesmo que as coisas estejam distantes,eu não deixaria de escrever. Que mesmo que os sonhos não voltem nunca mais,de dentro de mim eles nunca vão sair. Vou carregar por toda eternidade. E mesmo que você não saiba,vou te amar cada minuto que eu lembrar do seu olhar. O mais doce que você já me olhou.
E mesmo que eu feche essa porta agora. Mesmo que já não nos possamos olhar mais. O fechar das portas não é o fechar do coração. Nem o fechar de um sentimento qualquer que seja. Eu te procuraria sim,mas sem sair do lugar. Fecharia meus olhos e apertaria bem forte,tentando incoscientemente trazer você pra mim. Você não viria,com certeza. Mas mesmo assim eu tentaria. E os anjos saberiam que nos meus sonhos você ainda é meu.
Não importa quantas pessoas existam,ou quantas existiram ou quantas ainda irão existir. Um dia você vai saber que o sentimento verdadeiro não morre jamais. Aí então a gente vai entender. Tudo o que um dia não entendeu,tudo o que um dia não fez sentido. Porque muitas coisas ainda não fazem sentido pra mim. Não fazem,mas vão fazer. Talvez no exato momento que eu olhar pra você.
Então talvez eu possa te enxergar completamente diferente de todas as maneiras ruins como já te enxerguei um dia. E aí então apagaríamos completamente o passado,e renasceríamos,exatamente como a primeira vez.


(Simi - 20006)