terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ao meu bebê

As pessoas dizem que não era sua hora. Que você veio cedo demais. Que era pra eu sentir você dentro de mim daqui há alguns anos somente. Que você agora vai mudar tudo dentro e fora de mim. Eu sei, bebê. Eu sei que as pessoas têm razão. Eu as entendo. Mas muito mais que a elas, eu entendo você.
Bebê, se eu não te tivesse, se você não existisse, estaria o meu coração batendo tão forte? Eu me sentiria tão ansiosa, tão à flor de mim mesma, tão humana?
Ah bebê, eu entendo tudo o que as pessoas dizem, mas é tão bom...eu não consigo explicar o quão grande é minha alegria ao sentir você dentro de mim, mesmo que o mundo lá fora não entenda e não possa entender essa alegria.
Mas também, bebê, quem poderia entender? Quem poderia entender se só ninguém te sente, só eu te sinto? Quem poderia entender se ninguém mais cuida de você? Acho que na verdade não daria pra entender mesmo. Por isso entendo as pessoas, porque elas não entendem você.
Elas não entendem que você me deixa forte, que você me faz guerreira, que você me deixou tão, mas tão mulher...As pessoas não entendem, bebê...por quê de repente pensar nos seus olhinhos se tornou mais importante do que saber qual será meu próximo sapato caro, elas não entendem por quê imaginar o seu cheirinho se tornou mais divertido do que frequentar festas. Elas não entendem, bebê. Mas como poderiam? Só eu te sinto, é dentro de mim que você tá, não é?
Como as pessoas poderiam saber o quanto você me move, o quanto você significa? Elas não poderiam saber, poderiam? Não bebê, só eu consigo.
As pessoas dizem que não era sua hora ainda, que você chegou cedo demais, mas, me diga, se você viesse daqui a alguns anos, você ainda seria você? Você ainda teria esses olhinhos que ainda não olhei? Essa mãozinha que ainda não toquei? Esse cheirinho que ainda não senti mas que já sei que é o melhor do mundo? Seria você? Não seria bebê. Seria outra pessoa. Então tá tudo bem, então tá tudo certo porque eu não quero mais ninguém porque eu já amo você.





(um heterônimo meu adolescente)

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