sexta-feira, 6 de maio de 2011

Textos comerciais X textos egoístas

Eu divido as escritas em dois tipos: as escritas egoístas e as escritas comerciais. Pra mim um texto comercial é, como o nome mesmo diz, aquele texto pra vender. Palavras articuladas, elaboradas, milimetricamente ajustadas pra vender alguma coisa, pode ser uma ideia, ou uma história. O texto comercial, pra mim, é aquele texto que o autor escreve pensando no leitor, buscando atender suas expectativas de leitura, buscando lhe incutir uma ideia, buscando satisfazê-lo de alguma forma. É aquele texto que vem com a intenção de agradar. Não procura ter muita fidelidade com sua própria realidade, com os sentimentos do próprio autor. Ele é um texto muitas vezes fictício, que carrega pedaços de vida que muitas vezes o próprio autor nunca viveu. É um texto que exige muita técnica, criatividade, um texto que como diz Fernando Pessoa: " Sentir? Sinta quem lê!! ". Gosto de dizer que não vêm do coração, vêm do cérebro.
Existem, por outro lado, os textos egoístas. O texto egoísta não se preocupa em agradar, afinal, a única pessoa que ele deseja agradar é ao próprio autor. Muitas vezes, não consegue. Porque o texto egoísta não tenta ser bonito, ele só deseja ser sincero. Sua única função é não deixar aquela alma exaltada explodir, sua única função é fazer o coração do autor desabrochar, sua única função é colocar pra fora um pouco daquilo que não foi possível suportar sozinho. As palavras são na verdade um alento pra dor, um refúgio, um escape. As palavras do texto egoísta são escritas espontaneamente, vêm diretamente do coração sem fazer nenhuma parada antes.
Por isso falo que minhas escritas são egoístas. Completamente. Quando eu sento pra escrever não penso de forma alguma no que as pessoas vão pensar quando lerem o texto, se vão gostar, se não vão, se vou conseguir com as palavras mudar alguma coisa em alguém. Se eu por acaso conseguir um pouco disso, ótimo, mas se não conseguir não me sinto frustrada porque nunca foi meu objetivo. As palavras simplesmente deslizam, facilmente, sem pensar se poderiam ficar mais bonitas na frase de cima, ou na de baixo, ou se trocar aquela palavra por aquele sinônimo vai deixar o texto mais interessante, ou mais inteligente. Um texto egoísta não se preocupa com isso, ele não é escrito pra sociedade, ele é escrito pra si próprio e assim que feito já cumpriu sua missão de ser.
Como sempre digo, gosto mais dos textos egoístas. São textos humildes, deslavados de hipocrisia e de falso glamour, são textos que valorizo mais pelo simples fato de serem exageradamente verdadeiros, e pra mim, tudo aquilo que é verdadeiro fala diretamente com o coração, se faz sentir com intensidade, gera um brilho na alma.
Que eu continue escrevendo assim, nessa relação livre de não precisar corresponder ninguém, com essa não-culpa de não almejar ser escritor, mas simplesmente precisar escrever.

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