terça-feira, 7 de junho de 2011

A escolha da minha profissão

Em mais uma das minhas insônias recorrentes da madrugada, acordei pensando em um assunto e tive vontade de escrever. Eu gostaria muito de ter entrado em Medicina. Na verdade o primeiro curso pra qual eu prestei vestibular foi Medicina. Eu sempre tive fascinação pelo corpo humano, acho tudo muito incrível, tenho um interesse absurdo por cada detalhe, volta e meia passo a tarde lendo um milhão de coisas sobre o assunto, fico pesquisando no google, tentando entender como as coisas funcionam. A princípio eu queria fazer Psiquiatria. Queria entender a mente humana. Depois entendi que eu não sou muito adepta à ver sangue, nunca vi um cadáver, passo mal com cheiro de formol. No começo eu achava que era tudo uma questão de costume. Que eu entraria na faculdade, desmaiaria em uma aula ou duas, mas que conseguiria seguir adiante porque meu interesse seria muito maior. Mas mudei de ideia. Acho que eu não tenho a bendita vocação, talvez eu precisasse ser um pouco mais fria, infelizmente não sinto que eu nasci com o dom de ser médica.
Minha segunda opção foi Psicologia. Já que eu não podia entender a mente vendo sangue, quem sabe sem o sangue. Na verdade, meu caso de amor não acabou de fato, essa profissão ainda faz brilhar meus olhos. Mas não, não me arrependo de jeito nenhum de entrado em Propaganda e Marketing, muito pelo contrário.
Se eu pudesse hoje em dia agradecer à alguém por alguma coisa, seria à minha ex-psicoterapeuta que há cinco anos atrás me impediu sutilmente de ter entrado na profissão errada. Porque Propaganda e Marketing na minha vida foi uma questão de aceitação. Eu brinco que eu aceitei essa profissão na minha vida. Entendi que realmente era a profissão que mais tem a ver comigo no mundo, a profissão que, como ela mesma disse na época "envolve todas as minhas habilidades". Ela sempre me falava que eu era uma pessoa muito criativa, que tinha facilidade de me expressar, que tinha uma boa visão de mundo, que eu poderia exercer tudo isso na publicidade.
Eu na realidade nunca tinha me achado uma pessoa criativa. Na minha cabeça, criativo era alguém cheio de piercing, de cabelo pintado de roxo ou vermelho, que gostava de artesanato, que sabia pintar bem e tinha ideias mirabolantes. Eu sempre fui ruim em Educação Artística, desenho mal pra caramba e meu cabelo é virgem. Sem contar que, sempre mudei de canal quando o programa que eu estava vendo dava intervalo pros comerciais. Eu ficava pensando: eu nunca teria a mínima criatividade pra criar um comercial pra ração de porcos, por exemplo.
Mas o tempo foi passando. Todos os meus testes vocacionais, e não, não estou falando dos testes vocacionais da Capricho ou da internet, mas aqueles feitos, etapa por etapa, com acompanhamento psicológico e que duravam muitos dias, resultavam em publicidade. E olha que eu me esforçava pra dar Psicologia. Fazia um teste totalmente tendencioso, e não adiantava nada, todos os caminhos me levavam à publicidade. Lembro quando eu peguei o meu teste mais detalhado, crente que ia dar Psicologia, e deu publicidade, eu chorei. De decepção. Eu não queria aceitar que Psicologia não era a profissão certa pra mim.
Não entrei em Propaganda e Marketing apaixonada. Entrei por um instinto, por um feeling, entrei por um estalo que me deu do dia pra noite de que era a minha profissão. E fui me apaixonando. A cada semestre da faculdade eu tive mais certeza de que tinha escolhido o caminho certo, de que não podia ter sido diferente. Hoje eu amo a profissão que eu escolhi, acho mesmo que eu não seria uma boa psicóloga. Como dizia minha ex-psicoterapeuta: como você quer ser psicóloga sendo sensível assim? Você vai se envolver com o problema do paciente e chorar junto! Mas eu, como boa taurina, batia o pé: vou fazer psicologia sim. Ainda bem que eu voltei atrás dessa decisão e resolvi seguir seu conselho.
Hoje, humildemente, e se um dia a encontrar, falarei olhando nos seus olhos: você tinha razão, obrigada por ter me conduzido à publicidade, obrigada por não ter acreditado em mim.

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